Travessia 2015 (Delães - Boticas - Pópulo).
Cedo foi o encontro para
partirmos nesta aventura, pelas 5 horas da manhã estávamos junto da Igreja
Paroquial de Delães para tomarmos rumo a Guimarães, terra do berço da nossa
nação. Sem perdermos muito tempo e não criando falsas expectativas arrancamos mesmo
por debaixo da chuva que teimava em não nos deixar.
Através do Caminho Real ligando a
Creixomil entramos em Guimarães pela Porta Nova, percorremos o Centro Histórico
e saímos pela Rua Santa Maria. Não deixamos de fazer passagem pelo Castelo e
pela Igreja de São Dâmaso. Rapidamente abordamos a entrada da ciclovia que nos
ligou a Fafe. Hora de pequeno almoço, e já aqui pela primeira vez sentíamos que
estávamos completamente encharcados, mesmo assim a boa disposição permanecia e
houve quem comentasse que o Presidente encontra sempre uns belos tascos até
para pequeno almoço. Tomando novamente a montada sentíamos que o dia não seria
fácil.
A chegada a Bouça com entrada em
trilhos mais preenchidos de árvores e arbustos fez-nos se certa forma contornar
um pouco a chuva que não deixava de cair. A ligação até Bastelo com passagem
por Travassós, Moreira do Rei, Vilela, o famoso Confurco e Várzea Cova, foi de
extraordinária beleza. Tanta era a beleza como de repente a visibilidade ficou
impossível e a dificuldade de navegação fez-nos executar uma voltinha extra
junto a Aboim. A abordagem à Serra da Cabreira começava com intensa chuva e com
piso à base de saibro colocado há pouco tempo e completamente mole. A paragem
junto ao Parque de Merendas da Veiga aconteceu depois praticamente uma hora do
previsto tendo em conta a dificuldade que tivemos na ascenção, a chuva que
intensificava e o frio que aparecia fez-nos recuperar algumas forças com a
ingestão de uma massa e umas sandes. A paragem teve que ser muito rápida, pois
o nosso receio de arrefecermos muito era grande e por isso rapidamente voltamos
ao terreno, sem que antes se soltassem uns pequenos palavrões o arrefecimento
era profundo e a visibilidade quase nula. O estradão florestal estava também
com o piso muito pesado e só mesmo quando na ligação ao Talefe voltamos em
sentido a Zebral o terreno ficou mais acessível. Atingirmos o nosso conhecido
Índio esculpido na rocha fez-nos sentir que Salto estava perto e que a grande
dificuldade do dia estava a ficar para trás. Infelizmente a chuva acompanhada
de temperatura na volta dos 13 graus não nos permitia sentir abrandamento das
dificuldades e como o corpo já necessitava de renovação, paramos em Salto para
que com uma sopa e um bom prego no pão pudéssemos alcançar Boticas que de tão
perto que estava nos criava uma ansiedade extra. Por precaução sem saber o que
nos esperava optamos por não seguir por Covas de Barroso e fomos pela R311 até
Boticas.
Terminada a aventura de primeiro
dia vieram as tréguas da meteorologia e deu para ir em caminhada até ao centro
e jantar num pacato restaurante local.
Boticas |
Recuperados do fatigante dia
anterior estávamos preparados para com uma abordagem mais suave da que tínhamos
programado passar no essencial por maior parte dos locais que nós tínhamos
projectado. A passagem pela ponte de arame de Monteiros era ponto imprescindível
neste segundo dia, par isso partimos em direcção a Mosteirão. A chuva que nos
parecia querer acompanhar começava agora a perder força e já era possível
verificarmos a magnifica paisagem que as margens do Tâmega nos ofereciam.
Percorrendo a encosta até Fiães do Tâmega podíamos por varias vezes verificar
que o caudal do Tâmega já era por cá significativo. Sem contacto com viva alma
até à altura, eis que somos deparados com hora de ponta no trânsito, algumas
dezenas de cabras impediam-nos de avançar e se não fosse a palavra de comando
do pastor poderíamos ainda hoje lá estar, este foi um dos bons momento do dia
onde podemos verificar tamanha obediência por parte dos pequenos animais que ao
som emitido pelo pastor rapidamente criaram um corredor por onde podemos
avançar, o contacto com estes locais dão-nos estas experiências inigualáveis.
Antes mesmo de chegarmos a Veral
um pequeno sinal indicava Ponte de Arame, tínhamos o primeiro objectivo do dia
atingido e uma passagem por uma ponte de arame embeleza sempre o passeio.
Podíamos agora fazer algum registo fotográfico, que o dia anterior pouco nos
deixou fazer, o local tinha mesmo que ser registado. Continuávamos a marcha e
tínhamos pela frente uma bela ascensão até Monteiros e consequente chegada até
Bragado. Estávamos muito perto de Pedras Salgadas, mas como o dia começava a
apresentar boas mostras que querer “limpar” e mesmo intensificar a presença do
Sol e de algum calor, uma voz dentro do grupo levantou-se e fez passar a imagem
de super-poder orientador que tornou Pedras Salgadas um pouco mais distantes,
todavia não demos de gorada a investidas pois assim foi forma de ainda
atingirmos um pouco da antiga linha do comboio do Corgo ainda antes de
chegarmos à antiga estação da CP. A hora para pausa de almoço aproximava-se e a
nossa opção tinha recaído sobre chegar a Vila Pouca de Aguiar pela ciclovia,
assim o fizemos e por volta das 13h já procurávamos local para almoçar. Tinha
que ser uma pizzaria ou então locais que as tivesse dizia um esfomeado recente.
Por indicação de uma bela moça local a Pizzaria Casa Mia foi a opção acertada.
Para uma digestão mais comedida a opção de chegar ao Planalto de Jales foi pela
ascensão florestal até Guilhado. Toda esta zona era por nós conhecida de outras
experiências, e porque sabíamos que tínhamos já os nossos familiares em caminho
rumamos até a Casa da Portela em Pópulo onde dávamos por terminada esta
aventura.
Como consideração final e porque
a opinião foi unânime a opção Travessia a mais de um dia é para repetir. A
aventura foi feita por quem lá esteve e dedicada a quem por razões várias não
pode estar. Temos também que agradecer à colaboração em traçado e opinião do
Indy, Sérgio e Zé Favaios. E por fim aos Bombeiros de Boticas pela amabilidade
e aos Bombeiros de Riba de Ave por terem feito o contacto prévio com seus conterrâneos transmontanos.
Nossa Senhora da Boa Morte - Pópulo |
Comentários