Os Pinocos pelo Alvão
Quase quatro mas que após conselho de medicina oftalmológica se tornaram em cinco, foram os Pinocos que cedo arrancaram para o Parque de Campismo de Mondim de Basto onde tinhamos programado a nossa partida e chegada desta que se tornaria certamente a nossa Epopeia pelo Monte Farinha e Serra do Alvão. Viagem de pequena duração feita, últimos retoques executados e estavamos prontos para esta jornada. Pela estrada fomos até Sobreira e junto ao parque agarramos a terra que só largamos quando muito perto mesmo do Santuário da Senhora da Graça cruzamos com os últimos metros da estrada de ascensão a este alto, que forma interessante esta de chegar ao cimo do Monte Farinha.Com 12,5kms feitos atingíamos o ponto mais alto da primeira parte deste nosso passeio; Senhora da Graça (Torre de Igreja) 961 mts.
Registo feito do momento da nossa presença em tão carismático local era agora altura de trilhar caminho até ao ponto mais alto da Serra do Alvão. O dia estava maravilhoso, completamente primaveril não fosse a total secura observada pelo caminho e diríamos que estavamos enganados no mês. O sol brilhava e o frio não ainda aquele que esperávamos, mas apartir do quilometro 27 quando de uma forma mais rápida nos começamos a aproximar da cota dos 1000 metros o vento intensificou e aí sim estávamos na Serra. As paisagens eram agora ainda mais intensas a as paragens para as deliciar eram mais repetidas, todavia sabíamos ainda que ainda não tinhamos chegado ao ponto mais alto. Alcançavamos sim o estradão do Parque Eólico de Meroicina I que nos ofereceu uma nova conquista geodésica aos 39,5kms o Meroicinho (Bolembreano) 1294 mts. Pela larga estrada e por entre Eólicas rolavamos até ao mais alto ponto do dia e aos 43kms atingiamos Caravelas (Bolembreano) 1332 mts, a nossa segunda conquista geodésica.O frio era intenso e pouco tempo se paragem era aconselhável sabiamos que mais abaixo um pouco tinhamos a Cabana onde podíamos repor algum calor no corpo, e assim o fizemos de forma rápida q.b.. Chegava o momento de aproveitamento do aconchego na Cabana e repusemos algumas calorias, algum calor e água nos “cantis”.Muito bom o pequeno momento junto à Lareira que nos aligeirou até Lamas de Olo, pequena freguesia com pouco mais de 100 habitantes, tínhamos agora como destino Fisgas de Ermelo, passando por Barreiro, Fervença e Varzigueto faziamos travessia por ponte sobre o Rio Olo que nos ia oferecer mais à frente a possibilidade de observamos uma das maiores quedas de água da Europa. Após alguns momentos de diversão deixávamos para trás as águas do Rio Olo que na Ponta do Bonalheiro se iriam juntar ao Rio Tâmega. Descíamos agora até Vila Chã e após poucos minutos estavamos junto à margem do Rio Cabrão, um afluente do Rio Cabril, onde fizemos uma travessia de pedra em pedra, local este de registo bucólico. Estávamos muito perto de atingir agora o local de partida desta nossa cruzada, mas não era que tinhamos à nossa espera um momento circense de cerca de 9 quilómetros; a PR2 Levada de Piscarelo.
A construção da Levada de Piscaredo remonta ao século XIII, ainda no reinado de D. Afonso II. Devido à escassez de água, indispensável para a irrigação dos seus campos, os proprietários das terras de Mondim decidiram um dia partir de suas casas rumo às Mestras, confluência dos rios Cabrão com o Cabresto, e só regressaram muitos meses depois, trazendo consigo o precioso líquido. Conta-se a este propósito que outras aldeias disputavam igualmente estas águas, iniciando a levada de baixo para cima. Quando se aperceberam, já os de Mondim traziam a água consigo, conquistando não só o direito às águas, como também um excelente nível para a construção da levada. A Levada primitiva era feita em terra batida, com todos os inconvenientes daí resultantes. Nos anos de 1960/61 foi totalmente reconstruída em lajes de granito, tal como a conhecemos actualmente, através de Concurso Público promovido pelo Estado, que comparticipou a obra, tendo a Associação de Proprietários contraído um empréstimo para o efeito, que foi amortizado ao longo de vinte anos. Ao longo da Levada há cerca de 15 ou 20 nascentes que lhe pertenciam. Hoje, grande parte dessas nascentes já não corre para o rego devido ao desnível resultante das obras efectuadas. O sorteio das andadas, em número de 17 (tantas quantos os proprietários que fizeram a levada), realiza-se a 24 de Junho, dia de S. João, resultando daí o rol que calendariza a utilização das águas, leiloando-se também meio-dia cujo produto reverte a favor das obras de reparação e conservação da levada.
Pois! Estes ultimos quilometros foram de autêntico equilibrismo, este trilho era ladeado por um pequeno rego de água corrente do seu lado direito e por vezes autenticas ravinas do seu lado esquerdo, para quem de sindromas vertiginosos sofria não foi brincadeira nenhuma para os outros foi a cereja em cima do bolo.Os cerca de 75 kms feitos com quase 2300 metros de acumulado de subida tornou o chuveirinho do Parque de Campismo de Mondim de Basto uma dádiva dos Deuses, o nosso muito obrigado pela disponibilidade.
Comentários
Boas pedaladas destas e doutras!
Muitos parabéns pela conquista e também pelo percurso junto ao curso de agua final que já tive a oportunidade de curtiu bastante!
Parabéns!
Danielkezia