Parque Éolico Fonte da Mesa

«O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a refletir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta». 

Miguel Torga in" Diário XII"



O Vale do Douro é sublime, não o fosse e não estaria na lista de votação para as 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Foi a curiosidade de in-loco verificar a beleza natural deste sitio que nos fez escolher a Serra das Meadas para explorar varias freguesias do município de Lamego que para além de termos certeza que nos proporcionaria uma riqueza natural também nos daria nova sapiência histórico-monumental. Todo o município é antiquíssimo remonta ao tempo dos romanos, em varias freguesias podemos encontra monumentos Megalíticos, casas brasonadas, aldeias desabitadas de humanos e cheias de atividades agrícolas e pecuárias.

Mas chega de divagação e vamos ao que realmente aconteceu. O dia tinha já sido escolhido no principio das férias e como o calor já nos acompanhava há muito pensamos que talvez aí não fosse tão intenso, engano nosso por volta das 10h já tínhamos 32º e durante a tarde conseguimos verificar 38º. O passeio começou, a tipicamente perto das 9h30m já que a viagem começou por ser um pouco atribulada com alguns desvios e enganos (tínhamos uma brasileira no GPS que nos distraia). Chegados ao topo da Serra dava para ver que o Parque Eólico existente era imponente, sabíamos que no final do passeio o iriamos atravessar.

Preparativos feitos, ultimas afinações, estávamos prontos a começar sem antes não deixar de registar o momento “fresco” dos 5 elementos que num pós-férias se prontificaram a participar em tal aventura. Primeiro apontamento foi registado passados centenas de metros tínhamos encontrado um tanque com água a correr, logo aí definimos o nosso ponto de banho para final do passeio. A altitude a que começamos oferecia-nos a possibilidade de ao fundo avistarmos a cidade de Lamego, os músculos ainda aqueciam e já descíamos por trilho bem técnico até Lamelas, o verde rodeava-nos, por estas zonas abunda o pinheiro (tanta caruma pelo chão!) e certamente não existem interesses “incendiários” pois a zona ardida era quase que imperceptível. A passagem por debaixo do IP3 foi como que a passagem para a outra margem pois aí a paisagem passou a ficar cada vez mais imponente. Mas nem tudo eram rosas, ou diria fruta sumarenta, pois começavam os primeiros problemas, umas pastilhas que de tanto desgaste deixaram de ajudar na travagem. A primeira conquista geodésica fez esquecer o problema, a passagem por um pomar onde podemos saborear uma bela maça e a abordagem a Melcões que seria uma das primeiras freguesias a ser atravessadas por nós, fez-nos concentrar o olhar em tudo por onde passávamos. Depois de Lalim e antes de Gondomar surge-nos um problema de navegação, a minha experiencia dizia que fugindo a um declive acentuado acabamos de nos meter noutro, e assim foi, acabamos por fazer duas tentativas infrutíferas para encontrar o trilho, mas acabou por não ser completamente descompensador pois afinal o que fizemos foi quase uma misturas de singles mas que foram feitos para a frente e para trás até ao ponto inicial. O hora de paragem para reforço aproximava-se e o tempo perdido na busca do trilho fazia prolongar o desgaste, mas foi só quando chegamos ao alto da Capela de Sta Barbara de Tarouca que paramos para o merecido reforço.

Energias recuperadas já todos tínhamos tirado a conclusão que o passeio se iria alongar e todos (ou quase todos) tratamos que fazer passar a informação para fora que as previsões não estavam a ser conseguidas, mas nada de grave e tudo estava bem. Tínhamos agora que chegar ao ponto mais alto do percurso, o Monte de Santa Helena, sem antes passarmos pelo posto de vigia onde fizemos uma amena cavaqueira com os bombeiros de Tarouca. Do cimo de Santa Helena a vista era fenomenal, perdíamos a linha do horizonte, magnifico.

Agora é sempre a descer; diziam! Brincalhões estes betetistas, tínhamos ainda muito que batalhar. Momento marcante estava para chegar, a passagem pela Aldeia de Anta, completamente abandonada só aproveitada para a pastorícia, simplesmente desabitada, por humanos. O aparecimento de ovelhas e cabras acompanhadas por uma senhora idosa certamente da aldeia de Lazarim (mais a baixo na montanha) enriqueceram o momento da nossa passagem. Tinhamos as retinas vidradas e até esqueciamos o desgaste, não fossem dois furos, um pneu rebentado e a perca de uns oculos, logo que arrancamos da Aldeia de Antas e mesmo antes de chegarmos a Perafita.

Após contacto com gentes da terra ficamos com uma ideia do que nos esperava, diziam que era “cortar” o monte da frente, sempre plano, e depois pegar as ventoinhas e ir até ao topo da Serra das Meadas ... como os caçadores, pescadores e betetistas; mentirosos! Poucos kms faltavam, mas foram muito penosos, pois o calor, a gravilha, a contagem das Eolicas, foram-nos retirando as ultimas forças. A indicação caricata de entrada para a Aldeia de Paus, mais parecia a entrada para um rancho americano, fez-nos avistar ao longe uma albufeira originada por uma pequena barragem que nao conseguimos identificar (mesmo depois após consulta no GE), o restante eram Eolicas que tinhamos que ultrapassar até chegarmos novamente ao monte onde tinhamos arrancado.

Recolhidos nos ultimos metros pelas viaturas, juntos fomos os 5 de encontro ao dito tanque onde “quase” todos tiveram a coragem de mergulhar o corpo numa agua que não estava propriamente tépida.

Aventura completa os comentários foram diversos; talvez o passeio não tivesse sido escolhido para primeiro pós-férias, pelo calor talvez menos kms, tem muito acumulado, deviamos ter respeitado o track original, todos estes comentários não deixam de ser validos.

Mas talvez não tivessemos momentos como estes para recordar !!!





Parque Éolico Fonte da Mesa from Domingos Gouveia on Vimeo.

Comentários

Marco Correia disse…
Tenho a dizer que o passeio foi fantástico! As temperaturas e a escassez de água é k fizeram com que o passeio ficasse mais desgastante, mas assim ficamos com mais recordções. eheh
Só tenho a dizer que fiquei com pena de não conquistarmos o pinoco castanheiro, mas outras opurtunidades estarão para vir!
Redleh disse…
Boas fotos, bom vídeo, sem duvida que deve ter sido um excelente passeio.

Aquele abraço
RICARDO MARINHO disse…
foi um passeio filho da fruta...:-)

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