From Sra. do Minho to the World

Não existe memória de tamanha pontualidade por parte de todos no que toca a épicos desta natureza, talvez este fenómeno possa ser explicado pelo destino em causa ou pelo percurso idealizado ou até pela conjugação de ambos. A verdade é que depois de todos estarmos no ponto de encontro às 6h15m, eram 7h45m quando se começaram a ouvir os cleats a encaixar nos pedais e dava-se início a um épico. Conotar um passeio de épico é, desde logo, sinal que as coisas oram correram extremamente bem ou então precisamente o oposto. O objectivo deste épico era o jantar no final, sendo que dito assim soa uma tanto ou quanto falacioso, mas é verdade. É claro que fazer de um jantar objectivo terá sempre outras intenções por detrás, tal como era o caso, pois servia de festejo de dois aniversários coincidentes no mesmo dia cuja "prenda" pretendida era uma ida à Senhora do Minho. Objectivos e intenções à parte, o que importa resumir é um percurso de 95km regado com as mais variadas sensações e paisagens que um bttista pode desejar.

A saída de Ponte de Lima começou da melhor maneira, pois estavam decorridos poucas dezenas de metros e um marco geodésico era já coleccionado, o que animou desde logo as hostes mais sonolentas. Uma conversa matinal junto ao rio, ainda com o sol a nascer, é sempre uma boa oportunidade para desanuviar. Até que demos de encontro com os participantes do Challenge Series, que partilhariam um pouco do percurso connosco, por sinal a primeira subida digna desse nome, que nos levaria à capela de Santa Justa.

O mundo é um lugar pequeno, e esta expressão não poderia fazer mais sentido quando em pleno meio do monte encontrámos gente conhecida, ora porque nos conhecem, ora porque os conhecemos. Deixámos a partilha de percurso, sendo que o deles parecia bem mais agradável já era descendente, enquanto que o nosso era ascendente e de que maneira. Uma calçada romana, bem ao estilo, vá lá, romano, era agora a nossa sina, nada que nos importunasse até porque era cedo e olhando para cima parecia que o destino estava próximo. São ilusões de óptica que noutros casos já nos trouxeram dissabores, mas que desta vez foram facilmente ultrapassadas pela boa disposição e pelo elemento mais importante nestas coisas das subidas impossíveis, a beleza. Não se chega à Senhora do Minho sem penar um pouco, isso é certo, mas pode-se penar sem saber que se está realmente a penar, tal como aconteceu.

O vento forte era agora o indicativo que o topo do maciço granítico estava alcançado e nem a máquina fotográfica se mantinha de pé para um registo geodésico. Umas fotos da paisagem e o relógio estava a colaborar, o que incitava a uma fuga rápida do track para mais um registo geodésico, este com outras consequências, já que o corpo teima em não perceber que o mato faz parte da vida de um bttista. Apanhado o track e com as pernas em ferida, nada melhor que aproveitar o sol no seu ponto alto e aconchegar o estômago. Finas discussões filosóficas e até soluções políticas surgem a cada passo nestes almoços não tão finos, mas com substância. Arriscaria dizer que um bttista à frente de um estado de direito era capaz de fazer aquilo que muitos outros ditos desportistas não fazem, enfim adiante!


Nada melhor para sobremesa da sobremesa que um pequeno furo. A sobremesa está garantida quando há aniversário no meio, agora ninguém pense que as calorias a mais não serão descontadas na próxima avaria mecânica, e assim foi. Mecanicamente resolvidos dirigimo-nos para a ascensão da Serra da Arga, não sem antes serpentear umas giestas num trilho muito bonito, mas de triste conclusão, já que nos devolveu a alguns km's de estrada. Mas pronto, neste mundo não existem só flores, e se havia quem dissesse mal dos km's em alcatrão, melhor não deverá ter ficado quando a subida se apresentou toda "pimpona". Uma ascensão com inclinação proibida aparecia assim de repente e esgotava as forças num ápice, ou talvez não, mas se não o fez foi mais uma vez com a ajuda da paisagem e dos animais que nela habitam. A energia eólica deverá ser muito lucrativa e para alguns, verde para outros, mas para nós é significado de perda de trilhos, tal como aconteceu na aproximação a uma conquista geodésica, só pausada pelas brincadeiras inerentes a um grupo de bttistas malucos por empenos.


Uma vez no planalto, o pó e o vento moldavam a vista, não seriam miragens mas sim trilhos rápidos conhecidos por estradões que nos colocavam em descida com vista para o mar. Daquelas imagens que valem mais que mil palavras, daquelas que por mais fotos que tiremos nunca serão suficientes, ahhh! A descida só seria feita depois de mais um registo fotográfico de um marco geodésico e seria pautada por apontamentos técnicos que nos levariam à costa marítima. Nunca soube tão bem começar um percurso no rio em direcção à montanha rochosa e acabar por passar junto ao mar, coisas para mais tarde recordar.


Na linha de costa, estava imponente o Farol de Montedor, farol centenário que aumentava também a conquista de geodésicos do dia. A brisa do mar e o sol das 16h eram a companhia perfeita para aqueles km's que nos levavam a Viana do Castelo, sem deixar de registar o último geodésico do dia, o velho castelo desta cidade virado ao mar. A marginal cheia de gente tornava a condução mais atenta e nem o Gil Eanes nos abrandou, pois o cheiro a arroz de sarrabulho já pairava no ar. As bikes no meio de automóveis não são a melhor das combinações, mas um aumento de ritmo acaba com as misturas rapidamente e a entrada na ecovia parecia atenuar o cansaço, ou não!


O ritmo constante, as horas a passar e o objectivo a cumprir deitaram por terra o poderio psicológico existente, sendo que o aconchego do estômago há muito que havia desaparecido. O sentimento que assalta os ciclistas foi nos assaltando também a nós, pois sabíamos que a "meta" estava já ali, tão longe e tão perto, mas o acumulado nas pernas já não permitia alterações bruscas de ritmo. O sinal informativo de 1km para o fim foi ouro sobre azul e todas as queixas foram pela corrente do rio Lima abaixo, já um banho em água gélida é o melhor para músculos doridos, dizem alguns!


Banho e roupinha lavada, siga para o restaurante... A fórmula - épico+jantar=dia bem passado - resulta e fica assim comprovada não pelos cientistas mais brilhantes, mas pelos bttistas mais viandantes!!!



Comentários

P!N7@S disse…
aos meus amigos, obrigado pela "prenda", obrigado pela sempre divertida e animada companhia...é sempre um prazer pedalar convosco!

grande abraço!
ZéKTM disse…
um dia memoravel.
RICARDO MARINHO disse…
foi mais um dia k ficara na memoria para mt tempo,ate o banho de agua gelada soube bem...foi bem melhor k o 1 banho k tomei de agua quente depois desse passeio,as pernas estao num santo cristo de tantos arranhoes...lol
Marco Correia disse…
Grande dia de BTT, um dos melhores vividos por mim até hoje! Espectáculo! Para a próxima sou capaz de arriscar no banho e quanto aos arranhões acho que nem é preciso dizer nada...

Abraços!
Redleh disse…
o meu obrigada a todos pelo dia fantástico que me proporcionaram ficara para sempre na memoria.
Quanto aos picos... faz parte, rsrsrsrs.


Aquele abraço
JFaria disse…
Fantástica esta vossa aventura, curiosamente no mesmo dia fiz quase o mesmo percurso mas em sentido inverso, saí de viana subindo a serra de Sta. Luzia passando pela Sra. do Minho ponte de lima e novamente viana. Por acaso cruzei me com vocês entre a aldeia da Montaria e a de Amonde, vocês vinham a descer da Montaria e eu e o meu camarada de pedaladas íamos a subir para lá.Só me apercebi que eram vocês quando reconheci o último elemento do vosso grupo pois já tinha estado com ele numa das vossas voltas pelo nosso kintal (famalicão) junto ao marco geodésico no monte do facho em calendário...mas já vocês iam longe quando me lembrei...

continuação de excelentes pedaladas
Marco Correia disse…
Obrigado e igualmente!
Redleh disse…
Bom filme como sempre presidente, embora um pouco atrasado... mas deu para voltar a relembrar esse magnifico passeio.

Aquele abraço
ZéKTM disse…
eu vou-lhe dar (ao filme) o destaque que merece....
Marco Correia disse…
Bom filme e boa música! eheh
P!N7@S disse…
grande film sem dúvida, boa presidente!!!

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