A Neve de Pitões das Junias

Era cedo e estava frio quando o pessoal se juntou para esta aventura. Marcava o relógio 6h30 da matina quando acompanhados pelo amigo Abílio, nos dirigimos ao local do pequeno almoço. Os "seios de Nereida" eram a analogia para o que se pretendia encontrar em Pitões das Junias (Montalegre), daqui cada um tirará as devidas ilações. O destino ficava a quase 2h de caminho e às 9h30 toda a gente pedalava no gélido e ventoso planalto daquela região. O vestuário nestas ocasiões nunca é demais e a expressão incrédula de uns caravanistas mostrava bem o teor de maluqueira que é necessário para sair de casa e pedalar a -3ºC e com ventos fortes. Mas pronto, 2h de caminho devem valer de alguma coisa e o arranque ditou imediatamente que as extremidades dos corpos ficassem anestesiadas pela temperatura. Nunca se viu nada parecido, pois o vento nem deixava avançar quem pedalava a descer. Os primeiros km's em alcatrão puseram o mesmo pensamento em todos, "sair dali o mais depressa possível, ou atalhar, ou desistir e ir para casa". Não se sabe muito bem como o grupo se manteve naquelas condições, mas a verdade é que a viragem à esquerda para uma subida em trilho rugoso fez milagres, já após uma paragem para reavaliar se todas as extremidades ainda se mantinham reunidas ao corpo, a temperatura subiu, não tanto pela subida da temperatura ambiente, mas pela ausência do vento. A neve aparecia cobrindo os trilhos numa beleza talvez fora de época, mas onde o encanto não faltava e se aqui apareceu, nunca mais nos largou. Bons trilhos e pequenos singletracks escondiam-se entre a neve e a vegetação numa harmonia digna de uma sinfonia. Parecia um prémio por todo aquele frio passado momentos antes. A neve ora tornava as subidas mais difíceis, ora tornava as descidas mais divertidas, mas houve ocasiões em que o contributo da neve é apenas o da beleza, isto porque toda aquela conjugação de cores reunida com os trilhos fantásticos tornam isto do btt um verdadeiro prazer e acaba por justificar as horas que se devem à cama. O percurso levava-nos para o outro lado da fronteira onde o país vizinho se apoderava do sol, mas onde a paisagem não era tão intensamente branca. As subidas impossíveis e os singletracks cheios de mato já não eram problema pois estava tudo a correr perfeitamente. O ritmo descontraído era ajudado pelo percurso que parecia colaborar e os animais selvagens que espreitavam, davam um toque de brilho à pintura. Sempre que ultrapassava um pequeno cume, o vento mostrava a sua presença e nem as faces parcialmente dormentes se negavam a um sorriso, sorriso esse que dava lugar a um esgar sempre que o gelo se aproximava do pneu. O gelo foi muito, até parecia impossível tanto gelo no planalto, mas a verdade é que a neve, o gelo e o vento sendo todos frios, só a neve parecia o mal menor. Com o corpo já a dar de si, pois os limites estavam a ser ultrapassados, nomeadamente o da temperatura, chegámos ao ponto inicial, perfazendo os 40km's desgastantes. Quase por magia, na chegada, a neve começa a cair como que fechando a cortina de um magnífico espectáculo. Fabuloso!!! Fica a lembrança de um dia em cheio, com neve e com óptimos trilhos...






Comentários

Artur Santos disse…
Que cambada de gajos trengos...
ZéKTM disse…
é pá, já não se pode urinar sossegado!!!
ZéKTM disse…
video BOM mesmo, era isto pin7as, sonóro, montagem, LIINNNDDDOOOO...
you simple the best...
Redleh disse…
Grande pinta Pin7as.
ZéKTM disse…
este novo filme abre saudades...
P!N7@S disse…
realmente, muito bom!
Redleh disse…
Sem duvida grande filme

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